Em pleno mar Mediterrâneo, uma ilha ocupada já por muitos povos e culturas abriga no vilarejo de Cargèse, com pouco mais de mil habitantes, o Instituto de Estudos Científicos de Cargèse (IESC). Fundado nos anos 60, o instituto é destinado a receber escolas, conferências e workshops, principalmente em áreas da Física. O workshop o qual participei abria as discussões em tópicos atuais da cosmologia moderna. Entre os vários debates, alguns até acalorados, aproveitamos para conhecer um pouco mais dessa ilha que hoje está sob o domínio Francês.
Por mar ou por ar, da França ou da Itália, chega-se a Córsega. Ali, naquela ilha montanhosa a 170 quilômetros da costa francesa, nascia, na capital Ajaccio, Napoleão Bonaparte em 1769. A casa, transformada em museu, divide opiniões. Isso porque, em 1755 a Córsega tornava-se independente da ainda não unificada Itália, grande parte sob a influência da República de Genova. No ano de nascimento do futuro imperador, a ilha foi conquistada pela França. Napoleão ao assumir sua posição de líder político e militar abandonou Córsega ao seu destino, quando ela foi temporariamente ocupada pelos britânicos em 1814. Napoleão lutou pela França, enquanto os corsos até hoje reivindicam sua independência. A lingua oficial é o francês, mas a maioria da população local utliza a lingua corsa, muito parecida com o dialeto falado na Toscana. Na minha breve passagem, e por não falar francês, a maneira mais fácil que eu encontrei de me comunicar com eles era de fato usando o italiano (mais que o inglês).
Diversos vilarejos e cidades são separadas por estradas sinuosas em meio as montanhas. Algumas delas são somente acessíveis por barcos. A melhor maneira de se locomover na ilha é por carro. Cargèse está a aproximadamente uma hora de Ajaccio por terra. A pequena cidade abriga belas vistas do mar mediterrâneo, azul, transparente e com excelentes condições para a prática de mergulho. Nessa imensidão azul, de barco, fomos conhecer as formações geológicas da região. Por mar, são impressionantes.
Por terra são de tirar o fôlego. De carro, chegamos aos Calanques de Piana. Um vale, em parte submerso pelo mar, esculpido pela natureza. Aos olhos dos apaixonados, as rochas se transformam na bela e a fera de mãos dadas, revelando entre si um perfeito coração. Não é a toa que faz parte da lista do Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1983. Deixo um vídeo, pois as imagens falam mais que mil palavras!
A cidade de Cargèse em si resume-se a um pequeno aglomerado de casas ao redor de uma rua principal e o porto. Duas igrejas destacam-se no alto das rochas, e proporcionam vistas incríveis. Uma Católica, a outra Ortodoxa. Uma de frente para a outra, convivendo harmonicamente. A sintonia entre elas é tanta que o mesmo padre reza a missa nas duas! E entre mar, montanhas e vegetação, redesenhamos os nossos próprios limites sobre o que conhecemos sobre o universo.