Sabores e aromas marcantes. A culinária tailandesa é extremamente vasta em ingredientes, com pratos de misturas inusitadas que aguçam o paladar. Assim como na tradição brasileira, arroz é o ingrediente principal. Contudo, de alguns temperos, eu nunca tinha ouvido falar, como kaffir e galanga. Quando pensamos na gastronomia asiática, logo pensamos em pimenta. Sim, a comida é ardida, mas, pelo menos dentro da minha experiência, a tailandesa é aceitável (e olha que não tolero muito bem a pimenta). Ao contrário de alguns países que eu visitei por aqui, como a China e a Indonésia, nos quais a comida pedida sem pimenta vinha no nível “hard core”, e aquelas que nenhum pedido especial era mencionado ao garçom vinham no nível “incomível”, na Tailândia você não passará fome, mas queimará a língua, e talvez ficará com a boca dormente. Comemos em um restaurante bastante peculiar nas redondezas do nosso hotel e que achei por acaso no maps. O nome me chamou a atenção: camisinhas e repolhos. O restaurante é temático e os preservativos estão por toda parte na decoração. Você inclusive ganha um junto com a conta. Cortesia da casa. Achei o ambiente agradável, e a comida boa. Tanto é que comemos por lá duas vezes somando 4 camisinhas de brinde… Dito isso, experimentamos alguns pratos típicos que divido agora com vocês na minha ordem de aprovação.
Manga com arroz glutinoso. Bem esse não é um prato salgado, então por motivos óbvios (será?), não tinha pimenta e já ganhou meu coração antes da largada. Conhecido como Khao Niao Mamuang é uma das sobremesas mais populares na Tailândia. Recomendada!
Salada de toranja (Pomelo salad). Gostinho agridoce levemente apimentado. Achei deliciosa, e ganhou minha medalha de prata.
Khao Phad Sam-Si: Misto de arroz frito (negro, vermelho e branco) com legumes, servido numa cesta de taro (planta tropical asiática).
Phad Priew Wan Sam Kasut: porco, camarões e frango no molho agridoce. Aqui, já aumentamos o nível de pimenta, mas ainda está tolerável.
Arroz frito com frango e abacaxi, servido na casca da própria fruta. Nível: língua queimada.
Pato e lichia (a fruta) assados com molho curry. Nível: língua queimada e suadeira.
Salada de papaia verde. Bem, nesse caso, para mim o nível foi língua queimada + suadeira + boca dormente com uma só garfada. Ou seja, “incomível”.
Mas a nossa verdadeira razão para visitar Bangkok se escondia em uma rua pouco movimentada no interior de um discreto casarão branco. Eleito como o melhor restaurante da Ásia e definido como comida indiana progressista, o restaurante, batizado com o nome do próprio chef, Gaggan, é uma experiência única. Ele desconstrói o que achamos que sabemos sobre culinária indiana e a transforma em alta gastronomia a partir da grande diversidade de pratos servidos na tradicional comida de rua, espalhada por toda Ásia, inclusive na Índia. Aliada ao talentoso chef, técnicas de culinária molecular tornam a experiência ainda mais interessante e divertida. O restaurante não é nada tradicional, então não espere comer pratos fartos “para matar a fome”. Aqui a proposta é outra, realmente destinada aos amantes da alta gastronomia, uma experiência diferente e muito deliciosa. Alguns pratos são bastante apimentados, mas a maioria é levemente picante. O que mais me chamou a atenção foi o fato de conseguir distinguir o sabor de cada ingrediente separadamente, que, aos poucos, se misturam na boca formando um único gosto, e não somente o gosto do resultado final como estamos acostumados. Surpreendente. Serve-se o menu degustação. Quando nós fomos, foram 20 pratos (pequenas porções, como se fossem canapés). A princípio, não sabemos o que será servido, pois o menu é escrito, ou melhor, desenhado na língua universal dos emojis (mais um ponto de criatividade para o Gaggan). Se você tiver restrições alimentares, talvez não seja uma boa ideia. Ao final de tudo, o menu é entregue com a descrição de tudo que foi servido. Spoilers nas fotos abaixo. Se você gosta de surpresas, não se preocupe, eles estão sempre modificando o cardápio. Caso tenham interesse, as reservas devem ser feitas com bastante antecedência (nós fizemos com 1 mês). Outras informações e preços podem ser encontrados no site do restaurante http://eatatgaggan.com. Além disso, uma serie na Netflix, chamada Chef’s Table, que visita grandes chefs pelo mundo e mostra um pouco de suas histórias dedica um episódio ao Gaggan (segunda temporada). Nosso conhecido Chef Alex Atala também faz parte dessa série. Ele é o próximo da lista nas nossas aventuras gastronômicas, D.O.M. Se o Gaggan vale a pena? Com certeza!!!
Fiquei com água na boca!!
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